08 DE MARÇO: DIA DE LUTA DAS MULHERES ESTUDANTES
O Brasil se incorporou à lista dos países que tiveram, ou tem o cargo máximo do Poder Executivo ocupado por uma mulher. Longe de acreditar que ter uma mulher como Presidente é o suficiente para as aspirações do movimento feminista, vemos à nossa frente uma longa caminhada em direção a uma sociedade tolerante, na qual homens e mulheres tenham igualdade de oportunidades e seja economicamente justa.
Nós, mulheres, passamos por um intenso processo de adestramento que se inicia no momento no qual os genitores desejam saber previamente qual o sexo do bebê. A partir deste momento, os genitores investirão seus recursos na compra de roupinhas azuis e carrinhos, ou em roupinhas rosas, bonecas e panelinhas. Desde já a mulher é ensinada a permanecer no espaço privado, cuidando do lar e de sua família. Ela deve falar baixo e pouco, ser educada e submissa. Como desenvolver e preservar a igualdade e autodeterminação das mulheres diante de uma educação machista?!
No desenvolvimento da nossa vida em sociedade apresentam-se para as mulheres os salários mais baixos que os dos homens para trabalhos iguais, déficit de creches, violência doméstica, mercantilização de nossos corpos na mídia, ausência de políticas que garantam a permanência das mulheres mães na escola/universidade, impossibilidade de decidir sobre seu corpo através do aborto, cerceamento do desenvolvimento de sua sexualidade reforçado pela Igreja... Todas estas medidas minam a autonomia da mulher.
Hoje, enfaticamente dentre essas descrições, a proibição do aborto vem à serviço de um processo de criminalização da pobreza, uma vez que são as mulheres mais pobres as afetadas pelos procedimentos abortivos precários, aquelas que não dispõem de renda suficiente para pagar o aborto seguro, oferecidos por clinicas caríssimas. São estas mulheres sem acesso ao serviço público de saúde que entram nos trágicos números das pesquisas: o aborto mal-feito é a 3ª causa mais freqüente de morte materna no Brasil.
O EMPODERAMENTO DA MULHER É NECESSÁRIO PARA SUA EMANCIPAÇÃO!
Desta forma, para vermos implementado na sociedade um projeto feminista é necessário que nós nos organizemos e nos mobilizemos em torno das nossas bandeiras e reivindicações. E a *Federação Nacional dos Estudantes de Direito (FENED)*, entendendo-se como um instrumento de atuação coletiva dos estudantes de direito organizados em torno da luta pela erradicação das desigualdades vivenciadas em nossa sociedade, deve posicionar-se ao lado das lutas das mulheres, pois não podemos vislumbrar uma nova sociedade sem a superação da condição atribuída à mulher hoje!
Assim, é fundamental a participação da Federação no dia *08 de março*, dia que marca a histórica luta da mulher por sua libertação!
A campanha eleitoral já demonstrou o desafio que temos à frente, como vimos o debate sobre o aborto trazido sob uma perspectiva conservadora. Além disso, o ano já começou com violações às conquistas das mulheres, com juízes do STF restringindo a aplicação das punições da Lei Maria da Penha, projetos de lei "pró-vida" que são um retrocesso em termos de autonomia e garantia da saúde da mulher, entre outras.
Dia 08 é dia das mulheres estudantes de direito, a partir de suas próprias vozes, reforçarem as pautas feministas perante a sociedade, para que avancemos nas nossas conquistas!